Principais Nomes da Moda no Século XIX

1. Charles Frederic Worth

Charles Worth (Inglaterra): pai da alta-costura moderna para as mulheres.A festa de casamento entre Napoleão III com a Imperatriz Eugênia de Montijo trouxe grande visibilidade a loja, uma vez que a Gagelin foi responsável pela confecção do enxoval ao casal.




Charles conheceu Marie Vernet, vendedora da loja, se apaixonou e se casou. Ela se tornou sua musa inspiradora para diversas criações, além de se tornar modelo para apresentar as roupas para as clientes – seria a primeira modelo vivo a mostrar uma roupa. O resultado agradou a Gagelin, que lhe ofereceu um pequeno departamento na loja. No ano seguinte, em 1848, o seu gerente enviou para a Grande Exposição do Palácio de Cristal, em Londres, algumas das roupas desenhadas por Worth. Em 1958, em sociedade com o sueco Otto Bobergh, Worth abriu seu primeiro ateliê.

Uma das primeiras clientes pertencentes à alta sociedade foi a princesa Meternick, esposa do embaixador austríaco. A partir daqui, a influência de Worth estendeu-se a toda a corte de Napoleão III.

Em 1864, ele eliminou a crinolina, deixando os vestidos apenas com uma cauda. Alguns anos depois, adicionou a anquinha na parte de trás de seus modelos, criando a silhueta dominante da Belle Époque.

Worth se notabilizou por impor um estilo, criando peças exclusivas para as clientes – antes, as pessoas levaram para as costureiras o que queriam usar. Estas peças também tinham sua assinatura.




A partir de 1880, a fama e o êxito de Worth eram de tal ordem que o costureiro servia às clientes no seu atelier paté de foie grass (fígado de ganso) , lagosta, pastéis e espumante (regra que vale até hoje: cliente bem alimentada e bêbada compra mais! Entenda o conceito!).

Charles-Frederic Worth morreu em março de 1895, mas o negócio prosseguiu nas mãos dos seus descendentes diretos.



2. Paul Poiret.

Inspirado pelos Balés Russos e pela atmosfera Oriental, realizou roupas que mudaram a silhueta feminina e a História da Moda. Em 1906, um vestido marcou a nova silhueta, não mais apertada, espremida pelo espartilho. Poiret ficou conhecido por liberar as mulheres desse incômodo acessório. Para a mulher que precisava usar todos os dias o apertado espartilho, foi uma revolução. Agora ao invés de espartilhos, a mulher poderia usar ligas e soutiens.




Para o costureiro a beleza da mulher deveria ser vista de forma natural e como suporte bastaria usar o soutien e uma cinta. O soutien moderno e a calcinha (caçelons) confeccionada de seda e algodão menos volumosa são criações peças de suas criações.
A França deste período vivia a tendência do orientalismo. A apresentação da peça Shérazade (balé russo) cujos figurinos eram assinados por Léon Bakst, deu início a esta tendência. As cores fortes, as calças odaliscas e os tecidos brilhantes passaram a fazer parte das criações de Poiret. Suas inspirações vieram do fauvismo.

Poiret desbancou a moda ostentativa predominante desde século XVI, disse certa vez para a revista Vogue (1913):
“Vestir uma mulher não é cobri-la com ornamentos, mas sim sublinhar o significado de seu corpo e realçá-lo, envolver a natureza em um contorno capaz de acentuar sua graça” (QUEIROZ, 1998, p.14).




3. Redfern


A maison foi fundada por John Redfern e mantida, posteriormente, também por seus filhos, entre eles Charles Poynter Redfern. As roupas produzidas sob esta etiqueta costumavam sair na "La Gazette du Bon Ton", cara revista francesa, destinada às elites e que mantinha contratos de exclusividade com várias Maisons da época.





Redfern vestiu a Imperatriz da Rússia e grande parte da nobreza da época, além de atrizes conhecidas, como Lillie Langtry para quem ele criou em 1879 um vestido em jersey, chamado de Jersey Lili em referência ao local de nascimento da atriz (Jersey), e para a célebre Sarah Bernhardt.





John Redfern foi nomeado costureiro oficial pela Rainha Victória em 1888. Como esta passou muitos dos seus longos anos de vida de luto pela morte prematura de seu amado marido, Redfern ficou especializado em "mourning dresses", ou seja, vestidos de luto.

A grande importância de Redfern foi a introdução dos conjuntos esportivos e para a prática de esportes na moda feminina.





4. Louise Cheruit



Louise, cuja mãe era costureira, recebeu seu treinamento profissional precoce em costura no final da década de 1880, com a Raudnitz & Cie, localizada no coração de Paris. O salão atraiu especialmente as mulheres que queriam conjuntos que exalavam um ar de juventude e simplicidade feito dos melhores tecidos. Talento de Chéruit, ao lado de sua irmã Marie Huet, foi tal que eles ascenderam a posições de liderança dentro da empresa.





Como uma das líderes do estilo francês, Chéruit e sua casa de costura levaram moda da Belle Époque até a Era do Jazz . Em 1910, um repórter escreveu com um tom brilhante: "Com bom gosto, tão original, tão bem e tão pessoal, Madame Chéruit colocou sua casa de moda em primeiro lugar, não apenas em Paris, mas no mundo inteiro". Durante sua carreira, Chéruit refinou para sua clientela aristocrática os excessos criativos de alguns de seus contemporâneos, oferecendo vestidos suaves, femininos e ricamente ornamentados que ajudaram na transição da indústria de costura do glamour da alta moda para a realidade do ready-to-ready. desgaste .




A estética de Chéruit era tradicionalmente feminina, incorporando tecidos suaves, cores pastel e bordados raros, mas ela era inovadora em linha e corte. No final de 1911, ela introduziu o vestido de pannier, cheio nos quadris e afinando para uma bainha até o tornozelo, que lembrou a moda da corte francesa do século XVIII. Vestidos de noite delicados podem ter sido seu forte, mas ela também era adepta de trajes elegantes de rua, e em 1914 suas roupas de andar e vestidos de tarde eram artigos de moda.





O nome dela também é freqüentemente associado à fotografia de moda de Edward Steichen, cuja modelo preferida, Marion Morehouse , frequentemente usava vestidos da casa de Chéruit para a revista Vogue nos anos 20.






5. Jacques Doucet


Nesse endereço, que originalmente possuía o nº 17, seus avós mantinham uma loja de lingerie, como se vê da fatura acima, referente a uma compra feita em 1849, pelo então presidente da República, Louis-Napoléon Bonaparte.




Jacques a transformou em uma maison de moda. Fazia os vestidos principalmente em tecidos fluidos, em cores pastel, ornados com muitos bordados e sobreposição de rendas.

O sucesso foi tanto que recebeu um pavilhão especial na feira internacional de 1900 (esquerda).





Seu interesse maior, no entanto, estava nas artes em geral e, com o sucesso de sua maison, investiu na compra de obras de arte e de manuscritos de literatura.

Este hábito indica que Doucet recolhia documentos, estampas, fotografias, não importando a época ou lugar de origem, como forma de tentar compreender os segredos da criação artística.

Se dedicou à arte do século XVIII e aos modernos, formando também uma imensa biblioteca de história da arte, que veio a ser a maior componente da Bibliothèque INHA que ele ofereceu em 1917 à Université de Paris e para o Musée Angladon. 





Em face de sua dedicação a outros assuntos, deu espaço em seu atelier para novos criadores, como Poiret e Vionnet que lá trabalharam antes de abrirem suas próprias maisons.
E, também, Doeuillet que manteve a maison após sua morte.


6. Madame Paquin


Jeanne Paquin foi a primeira parisiense a ganhar acesso ao mercado internacional abrindo lojas em Londres e Nova York em 1912. A Maison Paquin tinha uma clientela rica e famosa, e Madame Paquin, como Jeanne ficou conhecida, desenhou roupas para a Rainha da Bélgica, Portugal e Espanha. Além disso, para atrizes da La Belle Époque, Liane de Pougy e La Belle Otero.

Madame Paquin desenhou peças para todas as ocasiões, desde os trajes mais luxuosos até vestidos e tailleurs para usar no dia-a-dia. Ela produziu também, lindíssimos chapéus.






Jeanne era uma artista brilhante que criava roupas inovadoras e criativas. Ela usava técnicas incomuns de costura e tecidos e acessórios que deixavam o visual final super harmônico Sua filosofia de moda era semelhante a de Lanvin e Vionnet, pois com muita praticidade e pragmatismo, Paquin sabia exatamente o que as mulheres queriam e aos poucos ia introduzindo algumas novidades. Dessa maneira, as mudanças nunca eram radicais demais e as mulheres aceitavam-nas muito bem.

Diferente da maioria dos estilistas, Jeanne investiu em publicidade! Colocou cartazes com desenhos de suas criações em vários teatros e foi assim que, pela primeira vez, manequins vestidas com suas criações à Ópera.





Um de seus maiores feitos aconteceu em 1900, quando Paquin foi escolhida pelos colegas para presidir o setor de alta-costura do evento de inauguração da Torre Eiffel (Exposição Universal). Logo na entrada da feira tinha uma estátua enorme chamada a Parisiense, que exibia um modelo da estilista.

Uma declaração de Paquin em 1910 se faz atual ainda hoje e ouso dizer que não está relacionada apenas à alta-costura: “O primeiro mandamento da alta-costura é que a moda deve ser nova e corresponder ao padrão de beleza e ao estilo de vida atuais”.





7. Madeleine Vionnet


Com um estilo inovador, costumava criar seus modelos diretamente em um manequim em miniatura.Duas de suas principais características eram o drapeado e o corte enviesado, para os quais encomendava tecidos com o dobro de largura do que o habitual – seus tecidos prediletos eram o crepe, a gabardine e o cetim, que ela manejava com maestria, a ponto de ser considerada a estilista que mais contribuições técnicas deu à alta costura. Descartou o espartilho e usou costuras diagonais e bainha aberta, para obter formas simples e helênicas. As aberturas de suas roupas eram sempre surpreendentes, laterais, ou na parte de trás, mas também criou peças sem qualquer fenda e que precisavam ser vestidas com cuidado pela cabeça. Seus taillerurs possuíam saias nesgadas ou enviesadas.





Seus períodos de maior sucesso foram o final dos anos 20 e o começo da década de 30. Atribui-se a ela a divulgação da gola capuz e da frente-única. Forma e caimento suaves eram seus objetivos para conseguir o máximo do estilismo, ou seja, vestidos que se amoldavam com perfeição ao corpo. Madeleine Vionnet aposentou-se em 1939.







8. Elsa Schiaparelli


Com idéias inovadoras e visão aguçada em relação à época, Elsa foi pioneira no segmento, pois agregou elementos do Manifesto surrealista (1924) à suas criações, além de ser primeira estilista a construir uma coleção temática.

Em meados da década de 1930, Elsa, em conjunto com alguns artistas como Christian Bérard, Jean Cocteau realizou alguns trabalhos importantes, mas foi em parceria com Salvador Dalí, que ela criou alguns dos modelos mais famosos de sua carreira.



Dentre estes, o chapéu-sapato (1936) é um dos mais conhecidos, um chapéu feito com um escarpim de veludo, totalmente preto ou com rosa-choque, colocado de forma invertida na cabeça. Uma das inspirações deste trabalho é uma foto famosa de Dalí equilibrando um sapato na cabeça.

Elsa foi inovadora também no uso do zíper, que apesar de ter sido criado muito antes de seus trabalhos, ela foi a primeira que os usou em evidência, sem os restringir a roupas de baixo.

Entre histórias que são contadas sobre Elsa existe a de que sua maior rival era a famosa estlista Coco Chanel, que priorizava a simplicidade e discrição, e já Elsa, trabalhava com cores vibrantes, adereços nada discretos e peças chamativas. Dizia-se que quando Chanel se referia à Schiaparelli, ela a chamava de “aquela artista italiana que fazia roupas”.


Elsa é sem dúvidas uma inspiração, não só pela genialidade de suas criações mais também pelo espírito visionário e experimental que a fizeram uma das maiores estilistas do século. Muitas vezes, não tão lembrada como sua “rival” Chanel, mas com mesma grandiosidade e talento.





9. Coco Chanel


Revolucionária da moda, soube entender as mudanças de comportamento do novo século, especialmente no cenário pós-guerra e dedicou-se a vestir a mulher moderna emancipada que empreendia uma mudança de papéis, com participação mais ativa. Sua estética despojada e fácil de usar conquistou as mulheres que não cabiam mais em apertados espartilhos, saias volumosas de diversas camadas que se arrastavam pela areia e uma série de artifícios que impossibilitavam o movimento e faziam as mulheres dependerem de criados para ajudá-las a vestir-se.




Além disso, no ambiente pós-guerra reinava um clima de austeridade que não combinava com vestimentas extravagantes, criados, motoristas ou mordomos e a moda confortável e prática da estilista tornou-se bastante apropriada. Ainda neste contexto, o uso de tecidos considerados simples, como o jérsei, e as pérolas falsas acabaram por democratizar estilo e elegância.

Seu estilo é um grande legado: prático, simples e elegante. Ainda hoje, super atual! A estilista tinha uma inclinação para alfaiataria e o estilo esportivo e uma fascinação pelo guarda-roupa, à época, considerado masculino. Apropriou-se dos suéteres listrados e camisas brancas dos marinheiros e usou com saias lisas e retas, cuja barra fez subir acima dos tornozelos, mostrando os sapatos de bico arredondado.Propô o terno feminino e o blazer, colocou as mulheres em calças, cortou os cabelos curtos, tornou tudo mais prático com o pretinho básico e o twinset. Tweed, colares de pérolas e correntes completam o visual idealizado por Coco.


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