A História da Moda - Século XV até XVIII

Por Eduarda Rocha
- Século XV
Foi o momento da extravagância! No período do Renascimento, a sociedade se tornou mais questionadora e, por consequência, mais curiosa. Isso gerou impactos culturais que também refletiram no vestuário. A moda renascentista carrega traços da Era gótica medieval. Comerciantes e navegadoras faziam o comercio em rotas asiáticas e via oceano. Eles trouxeram do oriente para a Europa sedas, brocados, novas técnicas de tingimento, temperos, perfumes e jóias nunca antes vistas. Este merchandise asiático foi inserido na Europa por famílias como os Borgias e os Médici.
A moda italiana renascentista era simples mas com tecidos luxuosos, joalheria elegante e cores brilhantes. Lá por 1450, os vestidos femininos passaram a ter a parte de cima separada da saia, dando origem aos primeiros corpetes. As mangas, em homens e mulheres eram bastante elaboradas e bufantes. O comercio levou esta moda italiana para países como a França, Alemanha e Inglaterra. Geralmente a moda renascentista inglesa era menos graciosa que a moda italiana e menos exagerada que a alemã. Durante os anos de 1500, devido às transações comerciais, a moda de um pais influenciou e até mesmo se misturou com o outro. Em 1550, as cortes inglesa, francesa e espanhola usavam a moda alemã amenizada. Inglaterra e Espanha disputavam o domínio do comercio marítimo e tiraram a liderança italiana da moda. O “estilo espanhol” para as mulheres, com seus corsets de couro e farthingales cônicos (um dos primeiros farthingales espanhóis data de 1470 e foi popular durante toda a era elizabetana) com elaboradas anáguas (petticoats) se tornaram moda em toda Europa.
A indumentária italiana era igual à inglesa, francesa e alemã, porém o requinte dos tecidos era maior e lá os casacos justos e curtos (acima do quadril) exibiam uma espécie de saia pregueada enfeitada por um cinto ou fivela.
Lá por 1450, na Borgonha, viu-se o que parece ter sido a primeira ocorrência da moda masculina em vestir-se todo de preto, posteriormente conhecido como o estilo "espanhol" (meados do século XVII), a moda da roupa preta foi iniciada pelo duque francês Filipe, o Bom. Os chapéus masculinos tinham várias formas e cores e eram feitos de diversos materiais. Os cabelos eram curtos ao estilo pajem ou compridos e encaracolados podendo ter uma franja. Cabelos loiros eram populares e no final do século, o cabelo na altura dos ombros tornou-se moda. Não se usava barba, se usassem, eram pontudas acompanhadas de um pequeno bigode.
Desde 1380, os sapatos era muito pontudos (poulaines), as pontas chegaram a até 60 cm de comprimento, sendo a sola de madeira para poder manter a ponta sem estragar ou perder a forma. Esse tipo de sapato durou até a era Tudor, onde as roupas passassem a ter mais camadas de tecidos, inclusive bem pesados; as silhuetas são amplas, de forma cônica para as mulheres e larga na parte dos ombros para os homens, obtida através de golas e mangas largas. Usavam Também uma camisa de linho (chemise), um gibão que expunha as mangas do chemise, meias calças que eram como os leggings de hoje e um vestido tipo capa que era aberto na frente e de mangas curtas, podendo ir até o tornozelo e posteriormente até os joelhos. E sobre os acessórios: os chapéus, tinham borda arrebitada ou arredondadas. Sapatos, masculinos ou femininos, eram lisos de fôrma arredondada e mais tarde em fôrma quadrada. Botas eram usadas para montar a cavalo.
Numa era de arquitetura gótica, onde altas torres se erguiam em direção ao céu, não era diferente no vestuário. Se as vestimentas femininas eram simples, seus adornos de cabeça se tornaram cada vez mais altos e exagerados. Havia inúmeras formas de enfeites de cabeça e uma imensa variedade de penteados elaborados e fantásticos que duraram até o fim do século XV. Era comum os cabelos serem penteados para trás, escondidos em redes. No final de 1400, os fios que cresciam na testa e nas sobrancelhas eram raspados para que o chapéu fosse a atração principal. Os cabelos divididos ao meio e torcidos na lateral do rosto eram guardados na crespine (rede de cabelo) que tinha estrutura de arame e era usada nas laterais do rosto e adquiriu uma forma cilíndrica ou esférica, com uma forma pontiaguda de aparência de chifres. Esse adorno corniforme surgiu por volta de 1410 e sobre essa estrutura prendia-se o véu.
Havia um adorno espetacular chamado “borboleta”: uma estrutura presa a um pequeno chapéu que escondia os cabelos, servia de apoio a um véu diáfano com forma de asas de borboleta. A moda foi popular até 1485. Tinha também o adorno em forma de coração, onde o véu era usado como enfeite
Mas foi o Hénnin (ou campanário), que conhecemos hoje como chapéu de bruxa ou de fada que atingiu proporções extremas. Ele surgiu na década de 1400. Era na forma de cone pontudo (70, 80 ou 90 cm) em seda ou veludo com um véu preso na parte mais alta. Com o auxílio de vários arranjos de arame o véu era disposto na parte superior do cone e às vezes caía até o chão. Havia também o modelo de dois cones, um de cada lado da cabeça. O hénnin logo evoluiu para uma exibição de status pois o tempo de preparação elaborada, bem como a maneira lenta e deliberada da mulher andar só poderia ser mantida pelos ricos com tempo ocioso.
As mulheres usavam sanguessugas para deixar a pele pálida; diz-se que faziam uma mistura de cal, sulfureto de arsênico, unguentos feitos de cinza de ouriço, sangue de morcego, asas de abelha, mercúrio e baba de lesma para depilar e remover os pelos indesejáveis; para clarear o cabelo misturavam diferentes ingredientes como fezes de lagartos verdes no óleo de noz e enxofre; para colorir os lábios usavam açafrão; para escurecer os cílios usavam fuligem; sálvia para embranquecer os dentes; clara de ovo e vinagre para aveludar a pele; rosas secas, especiarias e vinagre faziam perfumes; vários tons de lápis de olho e sombras foram vistos na Idade Média.
- Século XVI e XVII
Quando aprendemos história da arte, aprendemos que a arte barroca é feita de luz e sombra. E sim, naquela época, morte e renascimento andavam juntas, ao mesmo tempo que havia a ascensão burguesa, a arte da época, influenciada pelo Luteranismo, reproduzia a vida em tons escuros e expressões melancólicas.
Essa época é considerada a evolução natural da moda da Renascença. Ainda há a presença do rufo, que aos poucos vai abaixando e diminuindo, virando uma gola rendada; as mulheres ainda usam muitas roupas volumosas e pesadas e os homens passam a ser ainda mais enfeitados.
No início do século XVI, os homens vestiam-se com muitas roupas sobrepostas, algumas delas com um enchimento pesado. Usavam camisas de linho, sobre as quais vestiam um casaco justo chamado gibão. Sobre ele usavam uma jaqueta, prolongada em uma saia que descia até o quadril. Uma capa sobre o joelho, com mangas largas, vinha sobre a jaqueta. Os homens também usavam calções curtos e bifantes, costurados a meias justas.
Numa vertente mais econômica, um reflexo do grande luxo produzido pelas indústrias têxtil da época, foram as mangas que eram destacáveis e poderiam ser anexadas normalmente com auxílio de laços ou botões. Normalmente eram apertadas do pulso até o cotovelo, com ombros bufantes e aberturas exibindo inserções coloridas.
Comerciantes e navegadores praticavam o comercio em rotas asiáticas e via oceano. Eles trouxeram do oriente para a Europa, sedas, brocados, novas técnicas de tingimento, temperos, perfumes e jóias nunca antes vistas. Devido às transações comerciais, apesar das peculiaridades, a moda teve uma certa similaridade, quando um povo acaba influenciando outros.
O aumento da classe media acelerou a moda. A partir de 1650 a moda francesa dominou a Europa substituindo a influência espanhola, os vestuário começou a ser feito mais como um terno ou um conjunto, chamados de en suite: o corpete, a anágua e o vestido eram do mesmo tecido e usados juntos. A forma da França espalhar sua moda foi através de manequins em tamanho humano que eram apresentados aos monarcas de vários países. O vestuário feminino e masculino também passam a se diferenciar de forma mais marcada assim como houve a volta da sazonalidade: tecidos leves no verão e os pesados no inverno.
Durante o século XVI, o Norte da Europa e as Ilhas Britânicas tiveram um período de frio extremo, fazendo com que as roupas passassem a ter mais camadas de tecidos. As silhuetas são amplas, de forma cônica para as mulheres e larga na parte dos ombros para os homens, obtida através de golas e mangas largas. Usavam uma camisa de linho (chemise), um gibão que expunha as mangas do chemise, meias calças que eram como os leggings dos tempos atuais e um vestido tipo capa que era aberto na frente e de mangas curtas, podendo ir até o tornozelo e posteriormente até os joelhos.
Os homens tinham cabelos abaixo dos ombros, usavam o rosto barbeado mas deixavam um bigode. As roupas masculinas eram muito enfeitadas: chapéus de abas largas e pluma, os cabelos longos e com grandes cachos, o uso de perucas a partir de 1660. Os homens adotam um tipo de bermuda ampla que dava a impressão de ser uma saia, que era usada com meias de seda coloridas com grandes laços em renda na borda e com botas até o joelho. Gradativamente, o rufo dá lugar ao jabô (um babado de renda ou lenço preso ao peito ou ao pescoço). Usavam também um longo casaco até os joelhos.Uma boa dica para identificar essa época é se lembrar da imagem dos Três Mosqueteiros.
Então, Luís XIV sobe ao trono da França, de tão vaidoso, ele é considerado o criador da primeira escola de moda do mundo. Quando o Rei estava ficando careca, adotou perucas, por isso a moda das mesmas, que eram peças de distinção social pois custavam fortunas. Ele também era baixinho e isso fez com que os sapatos masculinos tivessem saltos mais altos que os femininos. Luis XIV, é considerando o criador do luxo, do status e da sofisticação, entre as heranças que ele nos deixou estão: os perfumes, os sapatos de salto, a gastronomia, o champanhe, os salões de cabeleireiros e os primeiros criadores de alta costura. Tudo isso era desejado pelas outras cortes europeias e a França passa a ser então, o país lançador de moda, já que nessa época também foram criados os primeiros jornais de moda e a moda sazonal, ou seja, a moda que muda a cada estação. A partir daí, dá-se início ao Late Baroque, que se distancia do estilo renascentista e se aproxima do que virá a ser o estilo Rococó.
Entre 1672 e 1674 o formato e ornamentação das mangas mudou pelo menos sete vezes. Assim como na arte, a moda barroca era fluida com silheuta mais natural e sóbria com joias simples. O conforto passou a ser considerado e começava a refletir características individuais, a opinião do cliente importava na confecção do vestuário.
O decote profundo era chamado de décolletage, era aberto e amplo e exibia um busto elevado que podia ser coberto com uma gola de renda. Essa liberdade maior no corpo refletia também uma descoberta feita em 1628 por Willian Harvey: da circulação sanguínea, assim, haviam debates sobre o uso do espartilho muito justo visando descobrir se ele era o causador de dores e sensações desagradáveis nas mulheres. Acaba que são abandonados todos os fixadores de madeira que eram usados dentro das roupas femininas. E o espartilho também se torna mais curto e menos engomado. Os quadris continuam acolchoados e com uso de saias como anáguas de volume.
Em 1670 introduziu-se o robe de chambre, um substituto casual do vestido formal também conhecido como mantua. Tinham mangas e punhos na altura dos cotovelos e ficou pelo menos um século na moda. Depois vem o vestido sacque ou robe à volante aberto na frente e levemente cilhado na cintura. Em Versaillhes as mulheres suavam três saias, sendo que a última tinha uma cauda longa que era carrega da por um pajem.
Na época acreditava-se que a água era nociva à pele, por isso elas esfregavam suas peles em toalhas para diminuir os odores e trocavam a roupa de baixo, branca, com frequência. O perfume era o substituto do banho, disfarçava odores e era carregado em caixinhas presas à cintos ou correntes no pescoço ou em sachês em tafetá com pós perfumado. Inclusive os ambientes eram aromatizados. Tudo era perfumando! Dos dentes limpos com pastilhas aromáticas à lenços e cachorros de estimação.
Seguindo o esplendor do século anterior, nesta época surgiram ainda mais elementos nas vestimentas. As saias tornaram-se mais amplas e armadas, graças às anáguas, feitas de talagarça engomada e um aro de metal, colocadas nas barras das saias. As cinturas ficaram mais finas com o uso do espartilho acolchoado que se abria em grandes golas e rendas. Também eram usadas mangas bufantes até certa altura, que se ajustavam ao punho e tinham babados.
Lábios vermelhos, sobrancelhas escuras e delineadas e olhos claros eram o ideal de beleza. Nos cabelos, o ideal eram pretos ou castanhos com cachos até os ombros ou nas laterais do rosto. Os calçados femininos e masculinos eram semelhantes, sendo pras mulheres mules e tamancos em seda ou cetim.
O vestuário feminino barroco variava de cada país, por exemplo na Inglaterra manteve traços renascentistas por um bom tempo com a Era Tubor. O traje feminino, por exemplo, era composto por um vestido longo com mangas sobre uma chemise. A moda feminina na época tinha contrastes, pois cada esposa do Rei era de uma nacionalidade. Ana Bolena usava a moda francesa e Catarina de Aragão, a moda espanhola. Na moda espanhola os vestidos tinham a cintura natural e corpete de ponta em V, os espartilhos não eram para apertar e deformar o corpo como na Era Vitoriana, mas para dar postura rígida. As saias eram elaboradas e volumosas. Chapéus, capuzes e redes de cabeça eram os acessórios.
A moda francesa tinha vestidos com decote quadrado que revelava a chemise junto à pele e tinha mangas justas. Esse traje evoluiu para um espartilho e a frente da saia exibindo bordados e enfeites, as mangas se tornaram justas em cima e largas embaixo, ao estilo trompete. Como acessórios de cabeça, muitos véus cobrindo o cabelo e capas. Os cabelos, separados no meio ou torcidos sob o véu. Havia um adorno chamado capelo, arredondado que mostrava a parte dianteira da cabeça (foto de Ana Bolena ao lado).
As cores das roupas costumavam ser vibrantes, mas a moda espanhola, ajustada e sombria devido ao gosto do Imperador Carlos V pela sobriedade, ficou em voga no fim do reinado de Henrique, assim como no reinados de seus dois filhos que o sucederam: o do rei menino Eduardo VI e Maria Tudor. Então, entrou em voga uma silhueta ainda mais rígida fazendo as pessoas encorparem suas roupas usando enchimentos de trapos, feno e outros resíduos; essa postura altiva, abriu caminho para o aparecimento do rufo
- Século XVIII
.O século XVIII viu o nascimento da indústria moderna da moda na Europa. As revistas de moda surgiram, assim como as fashion plates (lâminas de moda). Pela primeira vez, os estilos podiam ser desenhados e copiados amplamente. A moda começou a mudar mais rapidamente liderada por Paris e Londres. As modas eram ditadas não por motivos práticos, mas por tendências de arte, cultura, política, novos descobrimentos, inovações tecnológicas e avanços científicos. Algumas modas europeias eram, de fato, tão impraticáveis que renderam à seus usuários uma incapacidade de fazer as atividades diárias.
Fora de Paris e Londres, a moda mudou lentamente. Nas terras de clima quente, roupas eram básicas e até mesmo inexistentes. O conceito de mudança de modas (tendências) era algo inimaginável em outros países. Em alguns lugares, roupas estruturadas de forma simples eram belamente adornadas seguindo estilos e moldes que não mudavam há gerações.
As roupas usadas pelas classes altas da França e da Inglaterra definiram os estilos usados na Europa Continental e na América. Apesar de haver variações regionais nas roupas das pessoas das classes trabalhadoras, a classe alta num geral usava roupas muito parecidas.
No século XVIII as mulheres pararam de usar os corpetes pontudos com um vestido aberto sobre uma saia. Este estilo continuou apenas na primeira década do século XVIII mas logo foi substituído pelo sack ou sack back dress.
O Robe à volante (Sack Dress)
Surgiu em torno de 1705 e tornou-se rapidamente popular permanecendo em voga até a década de 1780, embora houvessem outros estilos de vestido a partir de 1720. O robe à volante era um vestido largo e sem uma forma muito definida, tinha um pedaço de tecido preso ou pregueado dos ombros à bainha na parte de trás. Algumas vezes a amplidão da saia de cima era presa na saia de baixo o que fazia com formasse puffs, era comum prendê-la para alcançar os bolsos que eram colocados sob o panier. A frente da saia poderia ser aberta para mostrar a saia de baixo, ou fechada. Na frente há pregas largas enviesadas no decote. Uma característica muito peculiar do robe à volante são as mangas partindo do ombro, planas no topo e mais largas nos cotovelos, terminando com um punho rígido e plissado. São combinados com um penteado leve, muitas vezes sem touca.
Dando sequência às vestimentas volumosas surgiu a crinolina, uma espécie de saia confeccionada em tecido encorpado e engomado, com círculos de metal, deixando as mais firmes e amplas.
Panier (pannier)
O que dava forma ao "sem forma" robe à volante eram os paniers. Era uma estrutura larga feita de tecido,fitas, cana, barbatana de baleia ou de metal. O panier era inicialmente circular, mas a forma mudou entre 1725 e 1730 se tornando oval e maior, depois se estreitaram expandindo lateralmente. Havia paniers de todo tipo. A circunferência chegou a 3.60 metros em seu momento mais extremo. O vestido se tornou tão largo que as mulheres tinham que atravessar portas virando o corpo lateralmente. Mais tarde, os paniers foram feitos em duas partes, uma pra cada lado (pocket hoops). Ficaram na moda até a década de 1760 e continuaram parte do traje formal de corte mesmo após esta data.
Roba à la Française
O robe à volante perde um pouco de seu volume e em torno de 1720 aparece o robe à la française. Ele tinha duas séries de pregas caindo soltas na parte de trás, do pescoço à bainha, cuja saia terminava em cauda. A frente era moldada num corpete justo com um stomacher triangular ricamente decorado preso nas laterais do corpete. Algumas vezes o stomacher era substituído por diversos laços em tamanhos decrescentes. O vestido de cima caía amplamente aberto sobre uma anágua (petticoat) de mesmo tecido bastante decorada. A decoração também contornava o pescoço com babados. As mangas eram médias, lisas e mostravam um punho cheio de rendas. Permaneceu como vestido de gala até a revolução francesa. O corte do robe à la française não varia.
O traje masculino formal tem a partir de 1720, três elementos principais: a sobreveste/casaco (justaucorps), a veste e o culote (breeches). Estas peças constituem o habit usado por todas as classes sociais, com diferenças no tecido ou ornamentação.
A sobreveste/casaco (justaucorps) tinha a frente reta com botões do pescoço à bainha e ia até os joelhos, quase cobrindo os culotes; bolsos grandes, largas mangas com punhos extravagantes virados para fora e nenhuma gola. Tinha uma saia de fendas e pregas nas costas e do lado, sustentadas por crina. Era comum colocar arame na bainha para que ela ficasse erguida para fora. Na segunda metade do século, as pregas da saia diminuem e a frente se abre amplamente depois do último botão, com as abas indo para trás.
A veste tem tecido ordinário nas costas e tecido rico na frente e na ponta das mangas, era tão longa quanto o casaco e abotoada por toda a frente. Embaixo da veste, o homem vestia uma camisa branca com babados de renda no punho e na frente. Um cravat de renda era usado no lugar da gola até 1735. Depois, um stock (uma tira de tecido rígida) era usado, às vezes com uma tira preta chamada solitaire. A veste podia ser usada aberta pra mostrar a renda da camisa.
O culote (breeches) ia até os joelhos, fechado por botões ou laços. À medida que a veste encurta, o cós do culote sobe, sendo necessário o uso de suspensórios. Meias de seda brancas ou coloridas eram enroladas no topo dos culotes e presas com uma liga.
Para roupa informal e entre os homens da classe trabalhadora um casaco chamado frock (frock coat) era usado, menos rígido e com uma gola pequena e virada.
No decorrer do século, tanto a saias do casaco quanto a veste se tornaram mais estreitas. A veste ficou mais curta, perdeu as mangas e ganhou o nome de colete (gilet) com pontas triangulares. O casaco (justaucorps) se tornou mais justo. A partir de 1730, a frente se curvava para trás pra mostrar os culotes e podia ser abotoado somente até a cintura. Era incomum vê-lo todo abotoado.Os culotes eram cortados justo às pernas, formando uma silhueta mais magra. O redingote, peça originária da Inglaterra (riding coat) é uma nova peça de roupa, inicialmente usada pra vigem ou esporte, aos poucos se torna peça de uso diário.
As perucas diminuem de tamanho comparadas ao século anterior. Podiam ser estufadas com crina. Alguns homens usavam-nas mais pra trás cobertas por seus próprios cabelos na frente. O talco disfarçava a união do cabelo falso com o verdadeiro. Lá por 1715, as perucas eram empoadas, longas e com cachos de diferentes disposições na frente e nas laterais, com os cabelos caindo dos dois lados do rosto. Como isto era inconveniente, adotaram-se perucas mais curtas com o cabelo amarrado em tranças atrás. Em casa ou nos locais de trabalho os homens tiravam as perucas e vestiam pequenos toucados bordados.
Neste período, o tricórnio era o chapéu adotado. Grande, com abas ondulantes e pala revirada a partir de 1730. Depois, diminuiu de tamanho e variou nos formatos, sendo decorado primeiro com penas e depois com um debrum. Era sempre levado sob o braço para evitar que o empoamento da peruca saisse. Chegou-se a fabricar tricórnios próprios para serem carregados e nunca usados
Dentro de casa, especialmente durante a manhã, os homens usavam um vestido solto chamado banyansobre os culotes e a camisa. Eram feitos de seda e às vezes ricamente bordados. No inverno, eram acolchoados. Escritores e artistas são comumente mostrados em retratos usando um banyan e um toucado, um estilo que se tornou associado à atividade intelectual.
Depois da Revolução Francesa e da Revolução Industrial, os aspectos políticos e econômicos deixaram os trajes mais enxutos. A moda passou a seguir o lema: quanto mais simples, mais elegante. Então, os espartilhos e as perucas deram lugar ao estilo pastoril, com tecidos mais lisos e sem enfeites, em cores patrióticas tanto para homens quanto para mulheres.
Vestido de Corte (robe de cour)
Recebeu esse nome por ser associado à corte de Versailles. Na corte de Louis XVI (1774-1792), os trajes eram extravagantes, reflexo do excesso da vida aristocrática que culminou com a a Revolução Francesa em 1789.
Populares a partir de 1750, os vestidos de corte perduraram como traje formal feminino até a Revolução. Também chamado de grand habit, é um robe à la française feito de tecidos luxuosos, ricamente ornamentado, com corpete rígido de decote levemente oval, amarrado atrás e terminando numa ponta bastante acentuada na cintura. A saia, ricamente ornamentada é usada sobre um grande panier, terminando num barrado e com uma possível cauda. O corpete e a saia são sempre do mesmo tecido (isso caracteriza o robe à la française) e um bordado simula o stomacher. No vestido de corte, os paniersalcançaram amplitudes extremas, chegando à 3,60 metros lateralmente. Com variantes em cada país, essa traje é usado em toda Europa.
O entusiasmo pelos estilos ingleses na França começou nos últimos anos do reinado de Louis XIV (1643 - 1715) e pegou mesmo em 1755. Devido à moda do esporte e da equitação, as pessoas vão se entusiasmando com os trajes ingleses simples, confortáveis e práticos.
Na Inglaterra estava havendo um interesse por comodidade, esportes e um gosto pelo campo. Embora a França ditasse moda, as inglesas elegantes tinham uma interpretação diferente da moda francesa. As inglesas preferiam vestidos mais justos, um exemplo é o sack dress cujas pregas nas costas, na Inglaterra, foram logo modeladas.
As inglesas também gostavam de usar as saias em tecido acolchoado (matelassê) e mantilhas de renda preta sobre os ombros ou fichus enfeitados com laço de fita e presos com jóia. Os cabelos das inglesas não eram empoados e em cima da touca eram usados chapéus de palha conhecidos como champignons oubergère, moda desconhecida na França. Os trajes ingleses são em tecidos simples, com pouco enfeite, em algodão ou musselina e suas versões na França, costumam ser em sedas.
O Vestido Inglês (robe à l'anglaise)
O que caracteriza um robe à l'anglaise é especialmente o recorte das costas do corpete. O corpete era justo, com barbatanas nas costuras, mas bem mais leve que o super estruturado estilo francês. A frente do corpete tinha um decote profundo normalmente coberto com um fichu de linho (um triângulo de tecido envolto nos ombros e pescoço preso no decote) e formava uma ponta no centro das costas, encontrando uma saia costurada junto à ele que tinha uma fileira de pequeninas pregas nos quadris terminando numa pequena cauda atrás. A saia era suportada não por um panier mas por simples rolls/hips/bumpads e se abria amplamente na frente sobre uma anágua ou saia de baixo que podia ou não ser do mesmo tecido do vestido (lembram que o robe à la française, a saia de cima é sempre igual à saia de baixo?).
Por volta de 1765, os stays cônicos se flexibilizaram e em 1768, os robes à l'anglaise são recomendados até mesmo para bailes e o robe à la française ficaria reservado para cerimônias. Sendo assim, o vestido inglês se torna uma peça do cotidiano.
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