Desfiles de Moda - Como começaram?






Mas afinal, o que são e para que servem os desfiles de moda? Alguém usa aquelas roupas?


Os desfiles são narrativas das marcas, que contam toda uma história, seja de inspiração ou da maneira como foi desenvolvida a coleção. Mas a concepção de um desfile vai além, e, junto com as roupas, a ideia é passar um conceito, trabalhar tendências e principalmente criar desejo nos consumidores.






Os desfiles começaram na segunda metade do século 19, mas eram diferentes dos supereventos que acontecem hoje. Foram criados pelo inglês Charles Frederick Worth (1825-1895), que vivia em Paris, na França. Naquela época, a cidade era famosa por influenciar a moda de todo o mundo.






O costureiro (ainda não existia o termo estilista) teve a ideia de mostrar as roupas que criava para as clientes ricas em modelos vivos. Antes disso, as peças eram exibidas em manequins (como bonecas em tamanho natural) feitos, em geral, de madeira, porcelana ou alabastro (tipo de pedra).

A  Maison Worth criou um sistema que em vez de ter uma costureira que ia às suas casas, as mulheres é que visitavam o salão e vestidos eram feitos para elas sob medida, mediante uma série de provas (…) Segundo o livro Cronologia da Moda, Worth tornou-se assim o primeiro costureiro a produzir coleções sazonais que eram depois mostradas às clientes, em vez de trabalhar para atender ao que elas pediam.






Worth montava a apresentação em sua loja chique. Escolhia moças com corpos semelhantes aos das compradoras para que, durante o desfile, elas imaginassem como ficariam vestidas. Até a mulher dele, Marie Vernet Worth, desfilava, sendo considerada uma das primeiras modelos.

Foi também graças ao costureiro que nasceu a alta-costura. Já ouviu falar? É a criação de roupas únicas, produzidas com materiais de qualidade e exclusivamente para alguém. Por isso, são bem caras.






Foi no início do século 20, porém, que os desfiles realmente se desenvolveram. A principal responsável foi a estilista inglesa Lady Duff-Gordon (1863-1935). Conhecida como Lucile, os transformou em espetáculos. Inventou o desfile em passarela, nos quais preocupava-se com a beleza do espaço em que as peças seriam apresentadas e iluminação. Incluiu até mesmo trilha sonora durante a exibição. Foi então que as modelos se profissionalizaram, tornando-se respeitadas.






Os desfiles se espalharam pelo mundo, ficando mais populares a partir dos anos 1960 e 1970. Atualmente, são eventos muito esperados por quem gosta de moda.

Entende-se como desfile de moda uma apresentação de roupas e acessórios, realizada em local e data prefixados pelo destinador, na qual um grupo de modelos caminha por aproximadamente 30 metros de passarela durante cerca de 20 minutos. Com trilha sonora especialmente criada para esse fim, elas exibem em torno de 75 looks a um público aglutinado em filas dispostas lateralmente em torno da passarela. (…) Ao entrar no espaço de um desfile, podemos afirmar que o observador participa de um ritual da moda, pois nele a coleção inteira é apresentada por uma sequência de programas narrativos que determinam seu começo, ápice e fim. (Garcia, 2007, p. 90-91) (História dos Desfiles de Moda)

Porém, se atualmente os desfiles têm características de espetáculos e são realizados principalmente para a mídia, antigamente o principal intuito era agradar as clientes – que podiam até tocar nas peças apresentadas.

As modelos possuíam até pedestais para que as consumidoras pudessem conferir todos os detalhes das peças 
Os desfiles do Século XXI parecem dar lugar a novas características, que passam a ser mais importantes do que a venda em si. Estar presente em um desfile de moda se tornou um símbolo de status, e não só isso, a localização do assento de quem assistirá a mostra da coleção também é de suma importância nessa hierarquia da moda.
Um dos desfiles mais cobiçados entre os fashionistas, o da Maison Chanel. Nos desfiles atuais, muitos criadores optam por peças conceituais que não são feitas para serem usadas, mas para transmitir conceitos da marca e trabalhar tendências






Além de contar o processo de criação e o universo que guiou o estilista a desenvolver determinada coleção, o desfile de moda tem o poder de criar desejo e aliar produto agregado à marca, e isso muitas vezes não depende das roupas apresentadas, mas sim da eficiência do espetáculo. “Os desfiles incitam e criam um desejo de consumo. Mesmo que o modelo contemplado não seja usado, os conceitos serão procurados nas lojas porque ficam no inconsciente do consumidor”, explica a consultora de moda e professora da Faculdade Santa Marcelina Andréia Miron ao jornal Zero Hora.

Muita gente acha as roupas apresentadas em desfiles estranhas. Na verdade, várias delas não são mesmo feitas para serem usadas nas ruas. O objetivo principal do estilista é mostrar tendências de cores, estampas, tecidos, formatos e estilo. Por isso, desenvolvem peças ousadas para chamar a atenção de todos. Assim, o que foi mostrado nas passarelas vai influenciar a criação daquilo que realmente será vestido pelas pessoas.

Os estilistas podem se inspirar em qualquer coisa para elaborar as coleções das marcas: arquitetura, arte, um lugar do mundo, a cultura de um país e até problemas sociais, como fome e pobreza. Pesquisam tudo sobre o assunto para, então, ter as ideias de como fazer as peças. É preciso muita criatividade, além de estudar bastante.

As Semanas de Moda (Fashion Week, em inglês) são eventos que reúnem desfiles de marcas superfamosas. As mais respeitadas acontecem em Milão, Paris, Nova York e Tóquio. Já no Brasil, as mais importantes são a São Paulo Fashion Week e o Fashion Rio.



As principais tendências de 2019 das passarelas de Nova York, Londres, Milão

A Victoria’s Secret, por exemplo, é uma das grandes marcas poderosas da indústria de desfiles. Conseguindo agregar o valor de mulheres lindas e celebridades aos seus produtos

Os desfiles de moda podem até se transformar, passando para versões de vídeo, usando novas ferramentas de tecnologia, ou até pequenas apresentações, mas não devem deixar de existir, já que são importantes ferramentas de marketing e de venda, claro. Sem contar toda a imersão que proporcionam no universo das marcas.





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