A História da Moda - Século XIX



 Por Eduarda Rocha 

  • Século XIX

Com o avanço da industrialização, o mercado têxtil ganhou força. Também é nesta época que a máquina de costura realmente se torna eficiente e popular. Por isso, foi um século de muitas mudanças na moda entre uma década e outra.

Usou-se muito vestido de cintura alta, cashmere indiano e algodão americano. Gorros e chapéus também ficaram em destaque. Golas altas no estilo regência, sobrecasacas, babados e brilho. Em seguida, mangas bufantes, decotes baixos, silhuetas em forma de sino. A crinolina e o espartilho que surgiram no século anterior chegaram ao apogeu. E também foi a época da introdução do sutiã! E no vestuário masculino, camisas brancas, coletes, culotes (espécie de “calção” mais justo), calças e botas.

A década de 1860 viu a decadência da crinolina na moda feminina e a silhueta se tornado menor. Em 1863, o formato da saia era reto na frente e projetado para trás numa forma elíptica, mangas amplas e o pescoço enfeitado com golas altas em renda ou outro tecido delicado. Essa era a roupa do dia. A roupa da noite tinha golas mais baixas e mangas curtas usadas com luvas curtas de renda ou luvas de tecido sem dedos e as saias possuíam maiores crinolinas que as saias de uso diurno. Era comum um tecido de mesma estampa ser usado para dois vestidos, um para o dia, outro para a noite. Pequenos chapéus e flores enfeitavam os cabelos.

Entre 1864 e 1867 a forma da crinolina começou a mudar. As mulheres tanto usavam a crinolina elíptica quanto a crinolette, uma peça que tinha frente e os lados pequenos e volume na parte de trás, mas com amplitude bem menor que a crinolina.



Foi nessa época surgiram também um tipo de calças folgadas ao estilo turco, chamadas de “bloomers” inventado pela ativista Amélia Bloomer Jenks, no entanto, a peça foi ridicularizada e acabou sendo adaptada para as meninas e para educação física feminina. 

Lá por 1867 uma nova silhueta surge, apoiada desta vez pelo Bustle. O bustle dava volume nas saias na parte central de trás, o que fez com que os tecidos em excesso e os enfeites fossem transferidas para aquela região da saia. Em 1870, a moda eram vestidos em cores vibrantes, usando tecidos diferentes nas saias, sendo um liso e outro estampado. O chapéu ao estilo boneca (bonnet) dava lugar a chapéus pequenos, caídos sobre a testa ou penteados de cabelos presos. Um tipo de jaqueta que formava uma sobre-saia foi muito usada.



Durante um curto período entre 1878 e 1882, nenhum tipo de bustle foi usado e as costas dos vestidos eram mais retas, foi a era da "Silhueta Natural". A silhueta ainda cobria extremamente o corpo, mas agora, sem o bustle, as saias caíam em drapeados traseiros e longas caudas (mesmo de dia) e eram justas e estreitas na frente. Mangas longas (um pouco larguinhas) para o dia e decotes e braços de fora (com luvas) para a noite. Cabelos presos em coque com chapéu de dia e presos com cacheados enfeitados com flores à noite. Sempre caíam cachos de cabelos nas costas como que imitando a cauda da saia.

Em 1880, as mangas eram justas com um leve bufante nos ombros, a parte de cima do corpo podia ser enfeitada com babados cobrindo o ombro. A saia ficou com forma de trombeta, ainda com muito volume na parte de trás. O bustle reaparece em 1885 desta vez formando uma linha quase reta na parte de trás do quadril. Cores vibrantes permaneces e a mistura de dois tecidos é bem comum. A assimetria dos babados e drapeados também é característica. Chapéus pequenos em cabelos presos em coque.




A moda dos bustles imensos acabou em 1889. 

Entre 1890 e 1900, as saias passaram a ter formato de sino caindo lisa pelos quadris, havia uma paixão por renda e muitas delas caiam pelos decotes; de dia as blusas tinham gola alta e babados. Ainda nessa década, o espartilho alongou e fazia com que o corpo da mulher formasse uma silhueta em forma de S. Usavam luvas compridas à noite e leques imensos, as jóias eram extremamente coloridas. Havia exagero e ostentação em penas, pérolas, plissados, bordados, lantejoulas, rufos e outros ornamentos. Chapéus e flores adornavam as cabeças, usados com coques. 

A década de 1890, foi uma década de mudança de valores, devido aos trajes esportivos estarem em voga, havia uma sensação de liberdade ainda que as roupas cotidianas fossem extravagantes. Abaixo, alguns trajes de 1900 a 1903. 


Vestido Artístico: 

Uma nova onda de popularidade do historicismo se deu com a arte dos pré-rafaelitas. Os artistas dessa tendência na pintura Inglesa, iniciada em 1848, tinham admiração pelos modelos clássicos da Alta Renascença. Admiravam a arte dos mestres florentinos do Renascimento, artistas como Raphael e Michelangelo. Os Pré-Rafaelitas criaram um novo tipo de beleza nas artes visuais - uma imagem medieval do ideal de feminilidade: descontraído, calmo, misterioso. As mulheres em suas telas estavam sempre em vestidos esvoaçantes. 

Algumas mulheres rebeldes, se recusavam a usar essas roupas e usavam trajes que seguiam a linha da moda, mas eram vestidos com leves referências medievais, mais soltos e sem espartilho rígido, eram os chamados "vestidos artísticos". 

Os Primeiros vestidos artísticos, criados sob a influência das pinturas pré-rafaelitas apareceram em 1850. O termo "vestido artístico" foi cunhado pelos próprios artistas: eles chamavam assim os vestidos do século XIX de inspiração medieval. O vestido Artístico dá destaque à mangas longas e principalmente à silhueta livre,muitas vezes, sem espartilho. Porém, estes vestidos ganharam maior popularidade somente a partir da década de 1870.



Os vestidos ilustrados abaixo não eram a alta moda da época, e sim, eram populares entre as meninas boêmias, ou seja, meninas despreocupadas com as normas gerais da sociedade, com os ideais burgueses e com os bens materiais.

O primeiro vestido é de 1894 e lembra muito a silhueta medieval; o do meio é de 1891, reparem a cintura e o caimento leve e esvoaçante da saia. Já o terceiro vestido tem as mangas soltas e largas como as mangas medievais e a saia igualmente esvoaçante. Todos tem a cintura menos rígida que as cinturas da alta moda da época. 

Mangas Gigot (gigot sleeves): 

Após a Exposição Universal de Paris em 1889, tornou-se evidente que o moderno estava tomando o lugar do historicismo na arte. Sob a influência de uma nova estética, aparece um novo ideal da figura feminina, no lugar das saias drapeadas estreitas, surgem saias ajustadas em cima e largas embaixo. O historicismo neste momento aparece em enormes mangas bufantes nos ombros e braços, chamadas de "Gigot", inspiradas obviamente na moda Renascentista e que já haviam tido seu momento no começo do século, na moda romântica.




Gola Alta:

Em 1890 também voltou a moda da gola alta ou "em pé", mesmo nos trajes de verão onde elas eram feitas com renda. Inspiradas, é claro, nas golas e rufos do século XVI.O mais comum nos trajes do dia a dia era a gola alta enfeitada com renda.






Louis XV

Quando falamos da influência da era de Louis XV na moda do século XIX, temos a Marquesa de Pompadour como referência. Observem nas imagens abaixo a cooptação no século XIX do estilo de penteado da marquesa. E no quadro a seguir temos a marquesa em um vestido dourado e dois vestidos do século XIX com claras referências às rendas, babados e ao formato do corpete e dos decotes usados na Era Rococó. 

Se o século XIX começou com a moda Império, que era inspirada na antiguidade clássica, no começo do século XX foi a própria moda Império que influenciou a moda. É como se as mocinhas da época quisessem usar roupas semelhantes às que suas bisavós usaram. 

Esse "retorno" à antiguidade começou lentamente lá pela década de 1880, quando o traje feminino vai se tornando mais confortável e funcional, os vestidos caem suavemente ao redor do corpo e podem ser usados sem espartilho - os chamados "vestidos de chá". 

Na colagem que fiz abaixo, com scans de páginas de dois livros, vemos a influência grega nas vestimentas femininas dos anos de 1880 à 1909. Na terceira imagem da foto abaixo, tirada do livro Victorian Fashions & Costumes from Harper's Bazar 1867 - 1898 temos a página 129, onde a autora descreve: "este gracioso vestido neogrego combina características clássicas com requisitos da moda moderna. É composto de cashmere azul pálido drapeado, enfeitado com bordados de ouro. O corpete azul tem mangas transparentes (...) colar e braceletes etruscos que são reproduções feitas pelo Professor Schlemann (...) no cabelo, tranças gregas." 



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